sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Chove lá fora


Chove lá fora.
Chuva miudinha pegadiça, caindo com a noite de mansinho.
Lembranças afloram insinuantes despertadas talvez pelo cinzento dos céus.
Já as conheço,de outros tempos, de outras idades.
Só querem que lhes dê importância...
Ignoro-as, deixando simplesmente que vagueiem sem que o meu pensamento nelas se demore.
Não lhes dou tempo para que se agigantem e me cerquem esperando o momento da rendição.
Odeiam que lhes diga que são as minhas melhores amigas, o passado que construiu o meu presente, a mola que me projecta no futuro.
Feridas e obsoletas, escondem-se cobardes num qualquer lugar da memória.
Sei que voltarão, numa noite cinzenta qualquer, talvez mais arrogantes e torrenciais, como a chuva que agora cai ferindo a calçada.


Fernando Barnabé

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