terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Os jovens e o álcool


Julgo importante deixar aqui algumas notas sobre o que temos vindo a observar em Portugal no que respeita ao consumo excessivo de álcool sobretudo nas camadas mais jovens da população e a sua associação com as relações sexuais não protegidas, incrementando assim os casos de infecção pelo VIH, mas também a violência.

Sabemos que os jovens são e sempre foram os alvos preferenciais das campanhas publicitárias, quer quando falamos da moda, quer quando se pretende apelar para outro tipo de consumos como por exemplo o álcool e o tabaco pela vulnerabilidade intrínseca a esta fase do desenvolvimento humano.

Centremo-nos nos chamados “shots” – tiros. São bebidas com um alto teor alcoólico, muitas vezes superior a 50%, extremamente apelativas pelo seu baixo custo e pelo estado de embriaguez que provoca num curto espaço de tempo - o consumo de dois ou 3 shots pode provocar de imediato alterações das funções superiores, como a memória, o pensamento abstracto, a criatividade, a percepção, a capacidade de raciocinar e resolver problemas.

Por outro lado devemos também alertar para a carga simbólica e ilusória que estas misturas altamente prejudiciais encerram, elas apelam para as dimensões mais primárias da natureza humana numa lógica focalizada no hedonismo, no prazer pelo prazer e na violência, não é de estranhar pois, o aumento de casos de VIH na população jovem em Portugal assim como em Espanha.

Vejamos algumas das suas denominações:

- B52
- Fodinhas
- Viagra
- Orgasmo
- Kalashnikov

Como podem constatar elas falam por si mesmas e dão origem até a competições cronometradas em que os consumidores ingerem bebidas alcoólicas até se apurar um vencedor (prática extremamente perigosa e que envolve sérios riscos para a saúde), os chamados “binge drinkers”.

É pois, cada vez maior, o número de solicitações das escolas do ensino secundário deste país, no sentido de levar a estes estabelecimentos, técnicos que informem e sensibilizem os jovens para a prevenção dos comportamentos de risco, incluindo claro está o consumo excessivo de álcool; isto, porque se tem a noção exacta que o fenómeno está a aumentar na população mais jovem, quer pelos comportamentos disruptivos que estes apresentam na escola quer pelo incumprimento das regras básicas do saber estar e ser, muitas vezes, mas nem sempre, consequência dos consumos.

É também frequente, ouvirmos da boca de altos responsáveis pela saúde em discursos inflamados, que, cada vez mais, devemos apostar na prevenção, como forma de obstarmos ao aumento de casos de alcoolismo precoce, da diminuição da taxa de sinistralidade associada ao consumo do álcool; no entanto, como interpretar o facto, dos sucessivos governos deste país não fazerem cumprir a lei da publicidade que proíbe os anúncios que relacionam as bebidas alcoólicas com o desporto ou com eventos musicais que movem multidões - (Liga Sagres, Super Bock, Super Rock, Carlsberg Cup)?

Como podemos educar os nossos jovens para uma verdadeira cidadania? Uma cidadania que não tenha em conta os imperativos economicistas?

Haja coerência!

Fernando Barnabé

2 comentários:

  1. Posso assinar por baixo?

    Sabes porque nao sao banidas essas publicidades? Porque giram milhoes.
    Acabo de ver os ultimos de parte do orcamento de estado e os valores em impostos sobre o tabaco e consumo de alcool sao astronomicos...

    Abraco

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  2. E para a prevenção são apenas migalhas...

    Abraço

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