terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Carta

Não sei se algum dia os nossos passos se cruzarão novamente, mas é bom saber que estás viva e vendes saúde...só isso basta para trazer-me alegria ao coração.

Ainda me custa suportar a tua falta...Foi tudo tão rápido e inverosímil...Não sei ainda hoje o que te fez partir, se o cansaço de mim ou se a tua alma clamava por outras vivências, outros espaços, outras camas.

É raro o dia que não recordo o calor do teu corpo, a tua voz, o teu toque, os teus olhos, as tuas mãos...Entendo que há sempre um tempo para amar e outro tempo para atravessar os áridos desertos, mas sempre senti que ficaste comigo, ancorada ou dentro do meu peito.

Sei que ainda me amas, apesar da distância que nos separa...Dizem que o amor verdadeiro é aquele se vive à distância; talvez eu acredite nisso sim...Não se ama alguém apenas porque o corpo desperta em nós inflamadas sensações...

Sei que amarás outros corpos, sei que vibrarás com novas emoções e descobertas, sei que o prazer te inebriará os sentidos e te fará rodopiar na procura, na procura daquilo que fomos e que não se apagará jamais, mesmo quando os nossos corpos inertes e sem vida deixarem este plano.

Sei que só de mim te lembrarás quando a solidão te assaltar, quando os dias te parecerem infindáveis e sem brilho, quando o sol teimar em não entrar no teu quarto.

Como me poderás esquecer meu amor se fui eu que te o dei a descobrir...Lembras-te do nosso primeiro momento intimo? Lembras-te como guardaste na memória a música que nos embalava os corpos sedentos de infinito? É claro que te lembras, como poderíamos esquecer aquele hino à comunhão das almas...Baptizámo-la como a "nossa canção" e eu sei, que sempre que a ouvirmos, lembrar-nos-emos que o amor é tão só uma sublime melodia gravada na memória, um canto que despertou em nós o sentimento de bem querer, para além de todas as vicissitudes, para além de todos os desejos.

Sei meu amor, que viveremos eternamente juntos, como duas mãos em fervorosa prece!

Fernando Barnabé

2 comentários:

  1. Deixas-me uma vez mais sem palavras, Fernando.

    Mergulho na tua escrita. Respiro a forma de te expressares, como se de um balsamo refrescante e anestesico se tratasse...

    Grande "carta", esta! Bem aventurada a alma a quem a envias.

    Abracos

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