segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Escuta o coração!

O corpo sente e tem memória,
O espírito, esse, vagueia na procura
consciente que justifique a dor corpórea.
E eu lembro-me de tudo sabias?
Lembro-me de tudo quanto habitava o teu ventre prenhe
de medo e de ansiedade…
Eras jovem, muito jovem, precisavas de tempo para viver
Mas tinhas no ventre uma prisão e no coração a certeza que
Jamais serias liberdade…
Como ele batia meu Deus!
Lembro-me que não dormia enquanto o teu coração não adormecesse calmo e sincopado…Enquanto o teu marido não chegava entorpecido pelo vinho…
Dava dó sentir que naquela casa fazia frio e que as paredes do teu ventre
Choravam de dor…
Foi o coração que te atraiçoou, mulher sofrida…
Porque não o escutaste? Porque não o seguiste quando a paixão te ardia no peito, no corpo todo?
Foi-te fatal o erro... Hoje é tarde, irremediavelmente tarde...
Eu, do teu ventre nascido e com a experiência do teu coração, sei que jamais serei feliz se me deixar aprisionar pela racionalidade, pela rotina dos dias onde mora o desamor e a desesperança...
Deixem que eu solte as asas e vá aonde o meu coração me levar...

Fernando Barnabé

1 comentário:

  1. Será que foi a falta de coragem que a atraiçoou, ou o sentido de responsabilidade? Conseguirás algum dia perdoar-lhe uma ou outra? Ou as duas?...

    Abraços

    ResponderEliminar