Já passaram alguns anos desde que jurámos amor eterno.
Como eu te amava, meu Deus! Já nem consigo lembrar-me quantas vezes procurámos fundir num só os nossos corpos sedentos de infinito. Descobrir o teu corpo era um acto sagrado, um milagre que abalava as fundações da minh’alma. Lembras-te que nos olhávamos profundamente como se entoássemos poemas de bem querer e melodias celestiais inaudíveis?
Agora aqui estamos, deitados, lado a lado, olhares vagos postos num programa qualquer da TV. Eu não quero o teu corpo e tu há muito que não me procuras... Para onde foi o desejo? Quem o matou? Foste tu? Fui eu? Porque não falamos desta angústia que nos corrói o viver? De que temos medo? Será que seguiremos assim, nesta espécie de paz podre, renegando o prazer do corpo e do espírito? Que violência para a alma meu Deus!
No quarto ao lado, dorme uma menina, fruto de inúmeros equívocos; pensámos que talvez ela nos iluminasse os dias... fosse a derradeira esperança. Hoje lamentamos, que o nosso egoísmo, também lhe ensombre o olhar.
Fernando Barnabé
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