Julgo ouvir os teus passos, no quarto, na sala, na casa toda;
Julgo ver-me contigo deitado, sentindo o teu odor almiscarado, a tua etérea presença trespassando o meu corpo ígneo sedento de ti;
Julgo ver-me enlaçado ao teu ventre e sentir que fui capaz,
que agora o milagre és tu, e reconfortar-me com a ideia que também faço parte dele.
Julgo que habitas em mim desde que o amor existe e que assim permaneceremos até que nos expulsem do paraíso (porque o nosso amor é divino demais).
Por assim julgar, o presente não vivo: a minha casa não tem tecto; na minha cama não se celebra o amor; o teu ventre está vazio…nada plantei, nada germina em ti…apenas a culpa me resta.
E porque do passado não posso viver, sem que ao presente dê razão, eu digo: tu nunca foste a minha Eva, eu jamais fui o teu Adão.
Fernando Barnabé
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