quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Do desamor


Era assim há muitos anos; dois corpos habitando a mesma casa o mesmo espaço, sem saberem ler-se… dois analfabetos afectivos, procurando desesperadamente que uma entidade salvadora lhes decifrasse o coração.

As almas exigiam-lhes liberdade mas o preço a pagar era a vergonha da separação, a dor dos filhos, os sonhos desfeitos…que preço tão alto a pagar…perguntavam-se. Coragem ou cobardia? Medo? Solidão? "Até que a morte vos separe"? Os pratos da balança mantinham-se em equilíbrio estável denunciando o peso e a inércia dos dias.
Enquanto não encontravam respostas e os filhos cresciam, envelheciam agonizantes…o desamor tinha-os consumido.


Fernando Barnabé

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