Ontem, tive a honra de assistir pela primeira vez a um congresso celeste.
Discutiam-se questões relacionadas com o nosso planeta e o modo como nós humanos interpretávamos o firmamento. “A Terra e os céus, perspectivas e prospectivas” assim se denominava o tema central. Eu, postado no espaço a milhares de anos luz, assistia à comunicação de uma estrela anã de brilho intenso e vivaz, que do alto de um palanque, composto por resíduos estelares refulgentes, dizia alto e bom som, perante uma audiência incomensurável, que era já tempo de nos enviarem sinais inequívocos, de que a sua presença nos céus, não se limitava a preencher um espaço, antes representava, uma obra prima plena de sentido e significado, que todos os humanos, sem excepção, deveriam entender e integrar.
Saturno, de semblante pesado e carrancudo pediu a palavra, prontamente concedida, já que os seus ponderados conselhos eram sempre alvo de escuta atenta. Começou por dizer, que ainda era cedo, que nem todos os humanos estavam preparados para entender a qualidade e o propósito das energias celestes, e mais, como elas interferiam no ritmo do nosso existir, e, com a prudência que se lhe reconhecia, pediu uma maior reflexão e algum comedimento sobre o assunto.
Marte e Plutão explodiram em unissono contestando tamanha cautela e ali mesmo e de pronto reclamaram para si o cumprimento dos ditos sinais. Urano, nervoso e inquieto pediu a palavra, e, no seu jeito repentista e prepotente, deixou claro, que não era necessário bombardearem-nos com eventos calamitosos que sabia serem típicos dos congressistas precedentes. Segundo ele, bastava apenas um sinal, e esse, seria o próprio que o daria, sem aviso prévio, fulminante e cirúrgico.
Neptuno, que até então se mantivera longe da peleia, procurando, no seu jeito idealista e fraterno apaziguar a contenda, foi dizendo que há milhares de anos que os humanos entendiam a existência de relações entre o micro e o macro cosmos e logo ali foi devidamente apoiada pela Lua que se prontificou a dar o exemplo, de que, quando cheia, activava nos humanos irrefreáveis actos e sensações.
Dito isto, gerou-se uma confusão enorme na cúpula; as estrelas cadentes desprenderam-se assustadas do espaço com o clamor gerado e não fora a pronta actuação de Júpiter a pôr ordem nas hostes e ainda estariam agora em acesa discussão.
Júpiter era realmente uma sumidade; todos sem excepção, o respeitavam pelos seus altos ideais, espírito positivo e pelo seu afã em reunir consensos através da clareza das suas ideias; consideravam-no pois, o mais digno representante de todos os presentes no congresso. Calaram-se as vozes e fez-se um silêncio expectante no firmamento para dar espaço a tão ilustre orador.
- Meus amigos, disse Júpiter imponente - O que nos traz aqui hoje, é um assunto de extrema importância para os humanos. Dirijo-me àqueles, que de há muito entenderam, que somos entidades celestes que com eles coabitam e interagem em ciclos e ritmos que obedecem a vetustas e inexoráveis leis. A esses, devemos pedir, que prossigam com o seu trabalho sério e honesto de divulgação da razão do nosso existir. Aos outros, os cépticos e todos aqueles que desconhecem, ou não querem admitir que fazemos parte de um todo maior composto por energias sapientes em permanente interacção, pedimos o respeito pelo seu labor e pela sua urgência em fazer chegar mais longe esta verdade.
E prosseguindo: - Não são necessários sinais inequívocos, meus amigos…há milhares de anos que esses sinais lhes têm sido enviados; cabe-lhes progredir, mas, como sabemos, nem todos se encontram no mesmo patamar evolutivo. É preciso fé e esperança, a mesma que me tem acompanhado em todos os cenários da minha já longa existência. Esperemos pois que o seu despertar seja breve…
Todos reconheceram em uníssono o alcance das suas sábias palavras, e, foram tantas as ovações entusiásticas das celestes criaturas, que acordei estremunhado no chão da sala, vindo directamente do sofá onde por momentos deixara descansar o corpo.
Fernando Barnabé
Leva-me para o outro lado do tempo!
-
Leva-me meu amor nos teus braços para o outro lado do tempo onde a
Primavera será infinita e as tuas mãos serão o meu leito de rosas...o
veludo que seca...
Há 5 dias
Olá Fernando !
ResponderEliminarDe novo um um texto muito bom. Gostei, principalmente do final, LOL
Uma boa semana.
Abraço
Norberto
Pois... concordo com Nepturno. nem são precisos mais sinais... basta acordar e continuar a vê-los :) abraço
ResponderEliminarJúpiter é o "maior", sabe o que diz.
ResponderEliminarO despertar deve ser para ontem ... dormir até amanhã, é muito tempo!
Abracinho
Olá Eva!
ResponderEliminarPlenamente de acordo, mas anda tanta gente por aí a dormir...:-)
Abraço
Olá Maria!
ResponderEliminarJúpiter é mesmo o "maior" e não há dúvida que quem muito dorme...
Abraço
Olá Norberto!
ResponderEliminarObrigado pelo teu comentário...
Um abraço e boa semana também para ti!
FB
Embora este texto nada tenha a ver com ela, de repente lembrei-me de uma peça de teatro muito polémica, de um autor cujo nome não recordo e que posteriormente vi representada por um grupo de teatro quase amador, que se chama "O Concílio dos Deuses"; claro que algo da semelhança se deve a haver vários planetas com nomes de deuses...
ResponderEliminarClaro que só me veio a lembrança, pois os textos são bastante diversos.
Abraço.
Na verdade não conheço a peça, mas eu sempre tive um gosto especial pela Astrologia e gosto por vezes de escrever sobre assuntos relaccionados com ela, não apenas de uma forma técnica, como é este o caso, para que assim possam ser compreendidos por todos.
ResponderEliminarAbraço